Vomitório mental colectivo.
O vazio de quem passa é assustador.É aquele vazio que devora por dentro e mete pena.Mas uma pena que mete medo.Um peso incalculável da escuridão da noite fria que gela o sangue e ouve sem guardar as vazias mentes dos que passam, de chaminés na boca e oceanos de loucura nas mãos, dentro de caixas de vidro.Não têm leme, vagueiam.Não têm vida, existem.Não pensam, devoram.Devoram e regurgitam tudo o que lhes foi dado a comer pelos funis do mundo.Mas é o silêncio da noite que assiste ao seu próprio quebrar pelos que lá passam, sob o coro das estrelas que cantam melancolias sobre as suas vidas de cristal.É o poste de luz que assiste ao seu próprio inalterar pelos que passam por ele, sob a sua falsa luz.Quem seria assim?Quem poderia ser assim?Quem poderia dedicar-se tão fortemente ao vazio a ponto de conseguir alargá-lo?Será que se expande mesmo? Será que cresce?Ou será que apenas se estende?Estende-se?... Como um silêncio que se instala depois do silêncio anterior, apenas pesando mais no ar porque a nossa consciência terá descido mais um pouco para lhe dar espaço, como ao ar numa garrafa bebida?Sentimos o tremer de algo que não existe? O temer de algo que não se vê? Não?Então para quê as vozes, se não dizem nada?Porque cantam o silêncio da noite, a infinita piedade e repulsa por quem não tem leme ou vida, porquê?Porque é tão imponente um silêncio que deixa de ser silêncio para ser cantado?Porque consegue ser o contrário do que é, e isso assusta...Beleza, melancolia de gelar o sangue.Jolly Roger
Enviar um comentário
Sem comentários:
Enviar um comentário