domingo, 13 de janeiro de 2008

Crónicas do Águia Que Voa 1

Ena pá! Como as coisas por aqui estão diferentes!
Pois é! Cá está o meu aguardado regresso: aqui numa versão mais sumariada, mas com a versão alargada disponível em DVD.
Ora hoje vou-vos brindar com a primeira das narrativas do índio Norte-americano, Águia Que Voa.
Eis um dos seus relatos.
Atenção: isto aconteceu antes da colonização europeia da América do Norte.

Os Frutos da Magia

Assim que acordei, o chefe Voa Com Os Ursos chamou-me à sua presença. Ter ficado com grande honra pelo pedido do chefe.
Chefe receber-me junto à tenda do Escama De Falcão, porque a tenda do chefe Voa Com Os Ursos estava a ser remodelada e iam trocar o chão de cortiça por azulejos.
Chefe dizer:"Águia Que Voa, a tribo pede-te um favor. A nossa shaman: a Sangue Todos Os Meses vai fazer uma poção para terminar com o carequismo do grande amigo Pedra Sentada."
E eu dizer:"Contente ficar com essas palavras. Pedra Sentada merece um fim para a sua cabeça sem cabelo. Todos os índios terem que ter grandes cabeleiras como as divindades do Metal."
Mas chefe ainda adicionou:"Sim, mas também há carecas no metal, o que me lembra que esta semana temos o ritual a Joe Satriani. Ainda assim, é da nossa cultura em que é preciso ter cabelo longo e sedoso. Mas Sangue Todos Os Meses, só pode fazer a poção se tiver quatro mirtílios. Águia Que Voa, aceitas ir buscar os mirtílios aos bosques?"
"Aceito, ser honra para tribo poder honrar o chefe e Pedra Sentada".
Eu partir nesse dia logo após ter ido buscar roupa lavada ao riacho. Eu entrar dentro dos bosques e vi veados e pardais e melros e gafanhotos e escaravelhos e formigas e papa-formigas e guarda-rios e pica-paus e alces e mais uns poucos animais filhos da Natureza e das mães deles, que não deviam ser tantas como eles.
Eu chegar junto da cascata onde o pescador da tribo, Salmão Grelhado vai pescar.
E ele diz: "Saudações, Águia Que Voa! Vens atirar-me ao rio como da outra vez só porque não te dei a truta que tu pescaste?"
"Não, Salmão Grelhado. Vim perguntar-te se sabes onde posso apanhar mirtílios."
"Sim, sei. Tens que atravessar até outra margem e depois voltar a atravessar até à outra margem, vais ver um homem a pescar e, atrás dele, estar um arbusto com mirtílios."
"Obrigado pela ajuda, Salmão Grelhado. Será dífícil atravessar o rio com esta corrente forte, mas vou fazê-lo."
E lancei-me às águas zangadas do Molembuluga. Quem deu ao rio este nome foi ancião morto Não Sabe Nadar que foi tomar banho a este rio e quando se estava a afogar disse este nome. E a partir daí , ser rio Molembuluga.
Custou muito atravessar o rio, eu bater com o joelho numa pedra e fazer sangue. Doeu. Mas com sorte, cheguei à margem. Agora só tinha que atravessar para a outra margem, onde estava o homem a pescar. E, com muita força, lá fui eu.
Quando cheguei ao outro lado não me conseguía levantar. Ter água nos pulmões que tossi e saiu. Mas valeu a pena porque à minha frente estava o arbusto dos mirtílios. E eu fui buscar seis mirtílios em vez de quatro, para que, se fosse preciso mais do que quatro não ter que atravessar o rio mais duas vezes.
Junto a mim estava um homem a pescar: era o Salmão Grelhado.
"Salmão Grelhado, enganaste-me.", disse eu.
"Não, tu é que te enganaste a ti ao confiar nas minhas palavras."
"Tens razão, desculpa."
E eu fui embora. Mas antes, eu ter atirado Salmão Grelhado ao rio porque não gostei do que ele me fez, embora tivesse razão.
Quando regressei à tribo, ter passado pela cabana de Sangue Todos Os Meses, onde perguntei:"Está alguém em casa?". E ouvi a voz da Sangue Todos Os Meses a dizer:"Não, não está cá ninguém."
E então eu dei os mirtílios ao chefe, que os comeu todos e obrigou-me a ir buscar mais outra vez. Mas desta vez, o conhecimento e a sabedoria iluminaram-me e não tive que atravessar o rio duas vezes.

_StormRaven_

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